sábado, 17 de abril de 2010

Croata desperta do coma e fala alemão

Adolescente que tinha só noções básicas do idioma intriga os médicos

A história incomum de uma adolescente croata de 13 anos está intrigando a comunidade médica. Ela acordou de um coma de 24 horas falando alemão fluentemente, mas incapaz de pronunciar uma única palavra em sua língua materna.

Natural da cidade de Knin, sul do país, a adolescente estudava alemão na escola, e começou a ler livros e assistir a programas da TV alemã. Segundo os pais, porém, ela tinha apenas noções de alemão e não era fluente. Agora, a menina se comunica com os pais com a ajuda de um intérprete.

Surpresa ficou também a equipe médica da jovem, que já submeteu a garota a vários exames. Dujomir Marasovic, diretor do hospital onde ela está internada, disse que quando o cérebro se restabelece de um trauma como aquele, não é possível saber como reagirá. O médico acrescentou que têm teses, mas não falaria mais, para respeitar a privacidade da família.

Cérebro armazena dados em locais diferentes

O psiquiatra Mijo Milas afirmou que, antigamente, o caso seria considerado um milagre. Não há uma explicação lógica. Conforme Milas, já houve casos em que pessoas em estado de coma que acordaram falando línguas antigas, como as bíblicas.

Para o neurologista Clovis Francesconi, do Hospital Moinhos de Vento, a explicação está no fato de o cérebro armazenar as informações em locais diferentes. O episódio que gerou o coma, continua ele, deve ter lesionado a área do cérebro onde ficava o conhecimento da língua materna, preservando o local reservado às línguas estrangeiras. Para ilustrar a teoria, o médico cita a história de um soldado alemão na I Guerra Mundial, que trabalhava como professor de grego. Após sofrer um trauma em batalha, ele acordou falando apenas grego, sendo incapaz de se comunicar em alemão.

Francesconi destaca outro ponto importante: a adolescente não criou o conhecimento do alemão, mas já o tinha armazenado, apenas não o empregava inteiramente.

– Não é assim: eu entro em coma e de repente adquiro algo novo. Eu libero algo que estava ali e não era empregado em sua extensão por não necessidade ou inibição – explica, acrescentando que, dependendo da extensão da lesão, a adolescente poderá ou não recuperar a língua materna.

Fonte:

Nenhum comentário:

Postar um comentário